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XIII
- GENESIS, A CRIAÇÃO
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PRIMEIRO DIA: O CÉU, A TERRA,
A LUZ --
Diz Santo Tomás de Aquino na
SUMA TEOLÓGICA:
"Tudo
que existe é feito por
Deus... Deus é a CAUSA PRIMEIRA
de todas as coisas... CRIAR é
propriamente CAUSAR ou produzir o SER
das coisas de maneira absoluta...
A criação é a EMANAÇÃO
do SER a partir do NÃO-SER,
isto é, do nada... O TERMO
da criação, enquanto expressando
uma MUDANÇA, é a CRIATURA.
Entretanto, não se deve dizer que,
enquanto a criatura existe, ela está
sendo criada, pois a CRIAÇÃO
implica relação da criatura ao
CRIADOR, com a idéia de NOVIDADE
e COMEÇO... A própria
NATUREZA produz as coisas naturais quanto
à FORMA mas PRESSUPÕE a matéria
criada... A obra da natureza
pressupõe sempre PRINCÍPIOS CRIADOS,
e assim o que é feito pela
natureza chama-se CRIATURA. Na
primeira instituição das coisas,
o PRINCÍPIO ATIVO foi o VERBO
DE DEUS, que da MATÉRIA ELEMENTAR
(criada) produziu os
animais... Não que a ÁGUA
e a TERRA tenham em sí mesmas
o poder de produzir os animais, mas
que os animais possam ser PRODUZIDOS
a partir da MATÉRIA ELEMENTAR, pela
virtude do SÊMEM, isso é devido
ao poder originalmente concedido aos elementos
(por DEUS)."
Diz a Bíblia (TEB - Tradução
Ecumênica da Bíblia):
"Quando
Deus INICIOU a CRIAÇÃO do CÉU
e da TERRA, a terra era deserta
e vazia, e havia treva na superficie
do abismo; o sopro de Deus
pairava na superficie das aguas, e
Deus disse: 'Que a luz
seja'. E a luz veio a
ser. Deus viu que a luz
era boa. Deus separou a
luz da treva. Deus chamou
à luz 'dia' e à treva
chamou 'noite'. Houve uma tarde,
houve uma manhã: o primeiro dia."
(Gen.
1, 1-5).
No INSTANTE PRIMORDIAL do UNIVERSO Deus
criou o CÉU e a TERRA. Quando
Deus quiz, do NÃO-SER (isto é,
do NADA) emanou o SER FINITO, pelo
poder de Deus. E Deus disse:
"Que a luz seja".
E a luz veio a ser.
Diz a Bíblia no Livro dos Salmos
e no Apocalipse:
"Sede
abençoados pelo SENHOR, AUTOR dos
CÉUS e da TERRA. OS
CÉUS são OS CÉUS DO
SENHOR, mas A TERRA, DEU-A AOS
FILHOS DE ADÃO."
[Sl
115 (113 B), 15-16].
"...a
CIDADE SANTA, a NOVA JERUSALÉM, eu
a vi descendo do céu, de
junto de Deus..."
(Ap.
21,2).
Então, no INSTANTE PRIMORDIAL, quando
Deus criou o CÉU e a TERRA,
e a LUZ veio a ser, aquela
luz não era a luz do sol,
que surgiu só no quarto dia.
E aquele CÉU não era o
firmamento físico, que surgiu no segundo
dia, mas sim OS CÉUS DO SENHOR,
como lemos no Salmo acima. Assim,
podemos compreender, quanto à CRIAÇÃO
DO CÉU, como significando a CIDADE
SANTA, a JERUSALÉM CELESTE, criada
para os anjos e os espíritos
bem-aventurados.
Quanto à "TERRA", criada naquele ATO,
o INSTANTE PRIMORDIAL, era DESERTA
E VAZIA... apenas uma natureza informe,
constituida de abismo, trevas, "água"...
sem ainda o firmamento, sem os mares,
sem os continentes... Podemos entender
aquela "terra", criada naquele início,
"o CONJUNTO DAS MOLÉCULAS
(elementos) do mundo" a
PURA - ENERGIA, "matéria" elementar
criada
como SUBSTÂNCIA PRIMORDIAL, com
POTÊNCIA para a ATUALIZAÇÃO
DO UNIVERSO. Como
lemos no Livro dos Provérbios:
"Eu,
a SABEDORIA, tenho a prudência
por morada... ANTES que
surgissem as montanhas, antes das
colinas, eu fui gerada, ANTES que Ele
fizesse a TERRA e os ESPAÇOS,
e o conjunto das MOLÉCULAS (elementos)
DO MUNDO."
(Pr
8, 12 . 22-26)
Quanto àquela LUZ que veio a
ser, e que não é a luz
do sol, podemos compreender como significando
a luz que ilumina os CÉUS DO
SENHOR, luz que vem de Deus, e
nessa luz a CRIAÇÃO DOS ANJOS
DE DEUS, seres espirituais, cheios de
luz, criados PARTICIPANTES da luz de
Deus. Como disse SANTO
AGOSTINHO:
"...
É facil entender por essa luz
a criação dos ANJOS, feitos
participantes da luz de Deus, que é
a própria Sabedoria de Deus, o
Verbo de Deus, por quem foram feitas
todas as coisas. Desse modo,
os anjos, iluminados pela luz que os
criou, participam da LUZ, tornam-se luz,
não em si mesmos, mas em Deus.
ALGUNS ANJOS AFASTARAM-SE DA LUZ, pela
soberba e inveja, tornando-se impuros, espíritos
chamados imundos, que já não
são luz no Senhor, mas são
"TREVAS" em si mesmos, privados da
participação da luz eterna.
Pois, como está escrito, Deus separou
a luz das trevas.
Os
anjos que pecaram foram precipitados nas
tenebrosas profundezas do inferno, para longe
da presença de Deus. Tornaram-se
inimigos de Deus, não porque tivessem
sido criados em natureza má, mas
sim POR VÍCIO DA PRÓPRIA
VONTADE... Voluntariamente afastando-se
de Deus, e pela soberba querendo igualar-se
a Deus, não constituiram nenhum mal
para Deus, mas para sí mesmos.
Assim,
luz e trevas significam as DUAS
SOCIEDADES DOS ANJOS: UMA permanecendo
no santo amor a Deus; OUTRA
consumindo-se na própria soberba;
UMA tranquila e animada por luminosa
piedade; OUTRA perturbada por
tenebrosas paixões; UMA mantendo-se
no bem, que é o próprio
Deus; OUTRA embriagada por seu
próprio poder, COMO SE FOSSE
SEU PRÓPRIO BEM e tendo por
verdade os artifícios da mentira,
da vaidade, enganadora e invejosa".
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