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III  - ALGUNS  CONCEITOS
 
 
        Vou  apresentar  alguns  conceitos,  enunciados em  modo  condensado  e  simples,  como  os  apreendí,  despreocupado  de  rigorismo,  para  melhor  entendimento  de  outros  assuntos  mais  à  frente.   Para  compreendê-los  bem,  é  bom  que  sejam  lidos  e  meditados  com  certa  reflexão.  Mas  se  você,  de  imediato,  não compreender  perfeitamente  alguns  deles,  ou  não  quiser  refletir  com  mais  demora,  pode  prosseguir  com  a  leitura,  pois  certamente  compreenderá  depois.  São  os  seguintes:
 
 
SER:    É  o  ATO  de  EXISTIR  (ESSE).   ATO  em  que  uma   ESSÊNCIA  é  movida  à  EXISTÊNCIA.   Todo  SER  EXISTE  em  uma  determinada  FORMA,    possuindo  uma   ESSÊNCIA  e  uma  OPERAÇÃO,  segundo  uma  NATUREZA.
 
ESSÊNCIA:   POTÊNCIA  ou  APTIDÃO  capaz  para  SER.   É  a  "receita"  estática  do  SER.  Aquilo  que   constitui  a  INTELIGIBILIDADE    do  SER,  que   distingue  os  seres  entre  sí.   O  SER  mostra  que  ALGO  EXISTE,  a  essência  diz  o  QUÊ  é  esse  ALGO.
 
ATO:  É  a  ação  (energia,  ENTELÉQUIA)  que  PRODUZ  o  SER,   dá   FORMA  ao  SER.   Assim,  o  SER  é  ATO.  E  o  ATO  é  FORMA.   Chama-se  ATO  PRIMEIRO  o  ATO  que  faz  EXISTIR,  ou  seja,  causa  a   EXISTÊNCIA  do  SER.  Chama-se  ATO  SEGUNDO  à  OPERAÇÃO,  isto  é,  aquilo  que  dá  a  atividade  do  SER,  causa  o  MODO  de  existir  dinamicamente  do  SER.
 
ATO-PURO:  SER  não  causado,  SER  INCRIADO,  ATO  ETERNO  que  subsiste  por  sí  mesmo  em  sua  própria  ESSÊNCIA.  Só  DEUS  é  ATO-PURO,  seu  SER  identifica-se  com  sua  ESSÊNCIA,  que  é  sua  SUBSTÂNCIA.
 
ENTE:   É  TUDO  QUE  EXISTE.   É  o  SER-EM-ATO  exercendo  sua  existência  ATUALIZADA,  isto  é,  EXISTINDO  (ENS).   É  uma  SUBSTÂNCIA,  determinada   por  uma  FORMA,  possuindo  o  SER,  conforme  à  uma  ESSÊNCIA.
 
ENTE  LÓGICO:  Ente  que  tem  existência  puramente  conceitual.  Existe  apenas  no  intelécto.  Não  tem  existência  REAL,  mas  apenas  inteligível.
 
ENTE REAL:  Ente  que  tem  EXISTÊNCIA  REAL,  É  SUBSTÂNCIA,  existe  fora  do  intelécto,  na  atualidade  do  seu  SER.
 
SUBSTÂNCIA:  É  a  REALIDADE  do  SER,  SUJEITO  da   EXISTÊNCIA,  o  ente  com  sua  essência  na  atualidade  de  seu  ser.  A  substância  é  FÍSICA,  quando  possui  QUANTIDADE,  pode  ser  medida,  é  MENSURÁVEL.  E  é  SUPRAFÍSICA  (ESPIRITUAL)  quando  é   imaterial,   não  possui  quantidade,  é  IMENSURÁVEL,  isto  é,  não  pode  ser  medida.
 
SUJEITO:  É  o  ENTE,  a  SUBSTÂNCIA,  enquanto  possui  como  unicamente  seu  um  ATO-DE-SER,  exercendo  um  EXISTIR  e  um  AGIR   que  lhe  pertencem  e  somente  a  ele.  O  sujeito  pode  ser:
FORMA:  É  o  PRINCÍPIO  intrínsico  constitutivo  do  SER,  que  determina  o  SER  não  só  na  disposição  externa  dos  seus  LIMITES,  mas  também  na   disposição  INTERNA  da  sua  substancia,  definindo  perfeitamente  sua  ESTRUTURA,  conforme  à  sua  ESSÊNCIA.  A  FORMA  dá  à  SUBSTÂNCIA  diferentes  graus  de  perfeição,  que  se  distinguem  segundo  a  RAZÃO.  A  FORMA  não  existe  sem  a  SUBSTÂNCIA,  assim  como  a  SUBSTÂNCIA  não  existe  sem  a  FORMA.
 
        A   FORMA  pode  ser  compreendida  no  SER  sob  os  seguintes  aspectos:
OPERAÇÃO:    É  o  PRINCÍPIO  SEGUNDO,  que  determina  a  atividade  do  SER,  traduz  a  existência  DINÂMICA  do  SER;  pressupôe  a  FORMA  SUBSTANCIAL  (e  com  ela  compõe  a  NATUREZA  do  SER).
 
NATUREZA:  Aquilo  que  traduz  completamente  a  realidade  do  SER,  em  sua  FORMA,  ESSÊNCIA,  SUBSTÂNCIA   e,  principalmente,  sua  OPERAÇÃO,  ou  seja,  "diz"  perfeitamente  "O  QUE  É"  o  SER  em  sua  plenitude.
 
ALMA:   FORMA   que  é  PRINCÍPIO  DA  VIDA  dos  seres  vivos;  comunica  o  SER  e  a  VIDA  à  MATÉRIA  corporal  na  qual  subsiste.    Em  todo  SER  VIVO  a  FORMA  é  a  ALMA,  que  é  o  primeiro  princípio  VITAL,  não  apenas  no  ser  humano,  mas  em  qualquer   ser    VIVO,  "animado".   No  entanto,  somente  no  SER  HUMANO  a  ALMA   tem   SUBSTÂNCIA,  é   SUBSISTENTE  em  sí  mesma.
 
        A  ALMA  pode  existir  conforme  às  seguintes  FORMAS:
VERDADE  ONTOLÓGICA:   É  a  adequação  de  todas  as  coisas  ao  intelecto  de  Deus,  quer  dizer,  a  verdade  eterna  que  existe  como  ESSÊNCIA  na  SABEDORIA  DE  DEUS,  desde  sempre  e  para  sempre.   É  a  VERDADE-ESSÊNCIA.  Significa  que  o  mundo,  no  seu  todo,  e  todas  as  demais  criaturas,  individualmente,  expressam  um  PROJETO  DE  DEUS,  são  frutos  da  livre  vontade,  do pensamento  e  do  amor  de  Deus,  EXISTEM  como  FORMAS  EXEMPLARES  inteligíveis  na  Sabedoria  de  Deus  desde  a  ETERNIDADE.  O  mundo  é  criado  por  Deus  e  constitui  um  projeto  de  Deus,  tem  sua  razão  de  ser  na  Sabedoria  de  Deus.  Deus  é  o  único  SER  INCRIADO,  eterno.  Para  cada  criatura  existe  a  sua  CONDIÇÃO  DE  CRIATURA,   essência  que  define  perfeitamente  a  criatura  como  semelhança  de  seu  EXEMPLAR  ontológico,  INTELIGÍVEL  como  ESSÊNCIA  em  Deus.  Cada  criatura  PARTICIPA  com  um  GRAU  de  perfeição   na  ordem  do  ser,  conforme  à  sua  condição  de  criatura.  Assim,  o  universo  criado  é  perfeitamente  ORDENADO  por  Deus,  constitui  um  universo  UNITÁRIO,  um  projeto  completo  de  Deus.
 
LIVRE-ARBÍTRIO  (ou  Liberdade  Espiritual):  Liberdade  INTELECTIVA,  RACIONAL,  que  se  traduz  na  aptidão  (faculdade)  inteligente  dos  seres  de  natureza  ESPIRITUAL  para  CONHECER  LIVREMENTE  segundo  a  razão  e  com  poder  de  AGIR  LIVREMENTE  segundo  a  VONTADE,  capaz  de  tudo  QUESTIONAR  e  sobre  tudo  FAZER  JUIZO  conforme  à  RAZÃO  e  decidir  conforme  à  VONTADE.
 
LIBERDADE  ANIMAL:  Liberdade  IRRACIONAL,  INSTINTIVA,  que  se  traduz  na  aptidão  (faculdade)  SENSITIVA  e  PSÍQUICA,  de  todo  ser  físico  ANIMADO,  de  acordo  com  sua  espécie  e  natureza,  para  movimentar-se  fisicamente  EM  BUSCA  da  satisfação  SENSITIVA  de  seus  APETITES,  da  sua  AUTO-DEFESA  e  da  realização  de  suas  NECESSIDADES  FISIOLÓGICAS,  para  sua  SOBREVIVÊNCIA  e  CONSERVAÇÃO  da  respectiva  ESPÉCIE.  No  homem,  a  sua  liberdade  animal  está  submetida  ao  seu  LIVRE-ARBÍTRIO  e  sua  VONTADE.
 
SUBJETIVIDADE:  Princípio  espiritual  de  um  sujeito  consciente  e  livre  (portanto  própria  dos  entes  que  possuem  natureza  ESPIRITUAL),  com  unicidade  individual,  que  REALIZA  O  LIVRE  ARBÍTRIO  em  MODO  PRÓPRIO  E  EXCLUSIVO.  É  PORTADA  na  TRANSCENDÊNCIA.  (Falaremos  da  transcendência  em  outro capítulo).
 
PESSOA:  AUTOPOSSE  de  um  SUJEITO  CONSCIENTE  e  livre,  isto  é,  um  SUJEITO  QUE  SE  POSSUI  A  SÍ  MESMO,  em  relação  consciente,  LIVRE  E  RESPONSÁVEL  com  o  todo  que  o  cerca,  capaz  de haver-se  consigo  mesmo  na  sua  unidade  e  totalidade.  Dentre  todos  os  entes  físicos,  só o  homem  é  SUJEITO-PESSOA,  cuja  subjetividade  e  personalidade  constituem  a unicidade  individual  do  homem,  pela  qual  cada  homem  é  ele  mesmo,  SABE  QUE  É  e  É  UNICO,  distinguindo-se  conscientemente  de  todos  os  demais.
 
AUTOTRANSCENDÊNCIA  ATIVA:  Conforme  KARL  RAHNER,  é  FÔRÇA  da  PLENITUDE  DO  SER  ABSOLUTO,  tão  íntima  ao  ser  finito  criado,  ao  ser  existente  que  se  move  para  sua  realização  plena,  cuja  ENERGIA  INTERNA  há  de  se  pensar  DISTINTA  desse  ser  finito,  de  tal  sorte  que  o  DINAMISMO  interno  existente  no  ser  finito  NÃO  É  CONSTITUTIVO  da  ESSÊNCIA  do  mesmo.  É   INTERIORIZADA  no  ser  finito  sem  contudo  ser  parte  da  sua  ESSÊNCIA,    precisamente  o  que se  chama  em  teologia  de  "CONSERVAÇÃO  E  COOPERAÇÃO"  de  DEUS  com  a  realidade  criada.  Certamente  é  causa  do  DEVIR  e  do  TEMPO  REAL.
 
DEVIR:   É  o  MOVIMENTO  NATURAL  ONTOLÓGICO  DO  SER,  com  incrementos  ENTITATIVOS  em  sua    SUBSTÂNCIA,  em  que  um  ente  existente  em  um  certo  GRAU  DE  SER   prepara-se,  ordenadamente,  INSTANTE  A  INSTANTE,  em  uma  ou  mais  fases,  conforme  à  sua  condição  de  criatura,  MOVIDO  pela  AUTOTRANSCENDÊNCIA  ATIVA,  sem  perder  nada  do  que  era  em  sí  mesmo  como  realidade  que  existia  nas  fases  anteriores  de  menor  ordem,  e  DESENVOLVE-SE  permanentemente  em  direção  à  sua  PERFEIÇÃO  última,   EVOLUINDO  ordenadamente  para  atingir  um  grau  mais  elevado  na  ordem  da  essência  e/ou  do  ser,  no  qual  se  CONSUMA.
 
TEMPO  REAL:   É  a  DURAÇÃO  do  ser  em  DEVIR.   Enquanto  o   COMPRIMENTO,  a   LARGURA  e  a  ALTURA  são  as  três  dimensões  ESTÁTICAS  do  SER  FINITO,   o  TEMPO  REAL  é  a  dimensão  DINÂMICA  da   sua    EXISTÊNCIA.
 
TEMPO  CONVENCIONAL:  É  a  MEDIDA  do  TEMPO  REAL  na  sua  DURAÇÃO,  segundo  UNIDADES  convencionais,  como  ano,  dia,  hora,  etc.
 

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