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IV
- MITOLOGIA GREGA
Agora vou falar um pouco sobre a
mitologia grega que, mesmo não sendo
objeto da minha crença, serve para
mostrar como o homem, de algum modo,
sempre andou em busca de Deus, sempre
sentiu necessidade de preencher o VAZíO
DA AUSÊNCIA DE DEUS. Desde a
antiguidade o homem se preocupa em
conhecer as suas origens, a origem
do universo e de todas as coisas.
Entre os gregos, já por volta
do século VIII a. C., os poetas
tiveram grande importância na educação
e formação religiosa do povo.
HOMERO, com os seus poemas ILÍADA
E ODISSÉIA, apresenta o modelo da
RELIGIÃO PÚBLICA dos gregos, onde
os seus DEUSES, entes MITOLÓGICOS,
são representações personificadas
das forças da natureza em formas
humanas amplificadas. Para eles os deuses
eram como que pessoas humanas, mas
com grande poder; nasciam, mas não
estavam sujeitos a morrer. Com IMAGINAÇÃO
poética e FANTÁSTICA (fantasiosa),
Homero procura explicar tudo que ocorre
no universo como produto da intervenção
dos deuses: o sol é puxado por
Apolo em sua carruagem, os relâmpagos
são produzidos e arremessados por
Zeus, as ondas do mar são
produzidas pelo tridente de Poseidon, e
assim por diante.
HESÍODO, outro poeta grego, com o
seu livro TEOGONIA, narra o NASCIMENTO
MITOLÓGICO de todos os deuses. Para ele,
muitos deuses coincidem com partes do
universo e com fenômenos do cosmos.
Assim, a narração torna-se também
explicação fantástica e mitológica
do nascimento do universo.
Na concepção grega tradicional os
homens eram apenas mortais, sendo a
morte o fim total de sua existência,
enquanto que os deuses eram imortais,
nasciam mas não morriam.
Mas nem todos os gregos se contentaram
com a religião pública, surgindo
então as RELIGIÕES DOS MISTÉRIOS.
Destacam-se os mistérios ÓRFICOS
cujo nome deriva do seu fundador, o
poeta trácio ORFEU, que introduziu
entre eles uma nova interpretação
filosófica da existência humana.
Conforme a sua doutrina, no homem SE
HOSPEDA um princípio divino, uma ALMA
IMORTAL, preexistente, que caiu prisioneira
no corpo como CASTIGO por causa de
uma CULPA ORIGINAL. Significa que no homem
haveria um DUALISMO EXISTENCIAL, isto é:
uma ALMA PREEXISTENTE, ente espiritual
"hóspede", e um CORPO, ente material
"hospedeiro".
Segundo o orfismo cada alma REENCARNA-SE
sempre em corpos sucessivos para expiar
aquela culpa original. Após a morte
do homem a alma abandona o corpo
e parte para outra reencarnação.
Com a morte, o HOMEM simplesmente DEIXA
DE EXISTIR como SUJEITO-PESSOA que é.
A alma, abandonando o corpo, vai em
busca de outro corpo, outro SUJEITO,
procurando nova reencarnação. A idéia
da reencarnação parece tentar justificar
porque os inocentes sofrem neste mundo,
dizendo: "se cada alma tem uma vida
anterior com sua culpa, então ninguém
é inocente, quem pecou... tem que
pagar". Mas esta interpretação não
parece restabelecer a justiça porque,
tendo existido a ALMA em "vidas anteriores",
e as culpas anteriores sendo apenas
dessa alma, seríam pagas por SUJEITOS
DIFERENTES, que não teriam nenhuma
relação com a alma encarnada, exceto
relação de "HOSPEDAGEM".
Para o ORFISMO o corpo é apenas
tumba e instrumento de expiação
da alma. O corpo e a alma são
dois SUJEITOS separados, um material e
outro espiritual, que se juntam temporariamente,
não existe a UNIDADE SUJEITO-PESSOA.
A alma sería uma realidade independente
do corpo e, quando se purificasse,
através de reencarnações sucessivas,
receberia um prêmio no além.
Segundo os órficos, somente os iniciados
nos seus mistérios, com seus ritos,
é que podem terminar com o ciclo
das reencarnações, libertando a alma
dos corpos. Esta doutrina serviu de
base a alguns filósofos, para explicar
a natureza do homem, em complemento
às suas concepções filósoficas.
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